Doutrina em Movimento


 CULTURA ESPÍRITA

O termo cultura espírita pode gerar estranheza e suscitar uma série de perguntas: O que vem a ser uma cultura genuinamente espírita? Como ela se forma e desenvolve? É possível ter uma cultura genuinamente espírita em meio a tantas diversidades culturais? Que papel exerceria em meio a sociedade moderna, tecnológica e diversificada?

          Cultura possui muitos significados. Utilizaremos o conceito que mais se ajusta a ideia que nos interessa. Segundo o dicionário Aurélio (1999), entende-se por cultura “O conjunto de características humanas que não são inatas, e que se criam e se preservam ou aprimoram através da comunicação e cooperação entre os indivíduos em sociedade.” A cultura por este conceito resulta das interações individuais em adaptação ao modo de vida característicos de uma região geográfica, climática, social ou política. Desse modo compreendemos as diversidades de hábitos e costumes que se formam no meio das sociedades humanas em atendimentos das mesmas necessidades básicas. Todo ser humano requer alimentação para sobreviver. Os hábitos alimentares variam de acordo com a abundância ou escassez de alimentos determinando a formação de culturas alimentares diversas apropriadas a cada local. Dá-se o mesmo com as vestimentas, utensílios, linguagem, atitudes e crenças. Tudo isso foi criado, aprimorado, preservado ou não pelas interações individuais e sociais ao longo dos séculos.

Sob este ponto de vista podemos afirmar que ainda não temos uma cultura genuinamente espírita por várias razões. O Espiritismo surgiu como Doutrina codificada a partir dos ensinos dados a Allan Kardec pelos Espíritos Superiores e publicados em 1857. Antes esses ensinos eram esparsos e mais ou menos velados. Somente após sua publicação e com a difusão de seus princípios é que o Espiritismo vem influenciando pouco a pouco o pensamento humano e muitas vezes sendo mesclado a outras ideias vigentes nas diversas sociedades por apresentar pontos de contatos comuns mas não inteiramente congruentes com essas ideias. Para ser genuinamente espírita a cultura teria de apresenta-se através de comportamentos, hábitos, ideias e expressões evidenciando os princípios doutrinários com toda a clareza sem nenhum viés da sociedade mundana em que está inserida.

Na obra Nosso Lar, referente as questões da cultura, vemos no relato de seu autor condição idêntica a encontrada entre nós. A colônia Nosso Lar é uma cidade de transição entre o umbral e as esfera superiores. Lá estão abrigados espíritos em diversas condições quase todos em preparação para nova reencarnação. Há os que se recuperam nas câmaras de retificação, os que trabalham e auxiliam e outros tantos recém-chegados que se quer admitem a realidade espiritual em que estão imersos, pensando e se comportando segundo os moldes da vida material. Situação essa que fica ainda mais evidente na narrativa de Lísias sobre a questão da mudança da alimentação que gerou conflitos graves requerendo medidas enérgicas do então governador dessa cidade espiritual.

Clareando aos homens a realidade insofismável da vida espiritual e das leis que regem a vida tanto na Terra quanto na erraticidade, o Espiritismo irá moldando sutilmente o pensamento a cerca da realidade para somente mais tarde alterar os hábitos, os costumes e as leis vigentes na sociedade. Nesse contexto surge a Casa Espírita como centro de irradiação da cultura espírita, propiciando aos seus frequentadores o espaço de convivência, de interações individuais e coletivas formadores de uma cultura espírita genuína, na medida em que dissipa os hábitos individuais arraigados cultivados nesta bem como em outras existências. Na medida em que os adeptos transformados avançam paulatinamente na senda do progresso, tornam-se agentes fomentadores do progresso social pela convivência e pelos exemplos que dão aos demais.

Como elemento propiciador para a formação de uma cultura genuinamente espírita no âmbito da casa espírita temos o Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita com o objetivo de esclarecer e  propagar os princípios doutrinários com máxima clareza. Daí depreende-se a sua importância juntamente com as outras atividades da casa espírita, aliando o conhecimento, a prática e a vivencia doutrinária em todos os sentidos.


 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Evangelho Redivivo 2 - Tema 14: O Sermão da Montanha "Felizes os Porque Serão Consolados"

Evangelho Redivivo II - Tema 09: As provações de Jesus no Deserto