Evangelho Redivivo II - Tema 07: A pregação de João Batista

 



RESUMO ESQUEMÁTICO

1. Similaridades entre os Evangelhos de Mateus ~ Marcos 1:2 e 3.

2. Profecias: (Isaías 40:3 - João Batista = mensageiro); Malaquias 3:23 (retorno de Elias).

3. João Batista - Correlações entre os Evangelistas:
    a - Precursor: anuncia a vinda do Cristo 
         (Lucas: simbolismo do batismo pela água, escolha do nome: mudez de Zacarias.)
    b - Último dos profetas do judaísmo. Fim de um ciclo.
    c - Mt 11:11 a 15 - O maior dentre os nascidos de mulher; o menor no Reino de Deus.
    d - Reencarnação de Elias (Is 40:3; Mt 4:5, 11:14 e 15; João: 1:19 a 22 - João nega ser Elias)
    e - personalidade incomum 

4. Profecia = predição: atributo de profeta. (Mediunidade profética)

5. Humberto de Campos (Boa Nova - Tradição espiritual): 
    - Isabel: temperamento e maturidade precoce de João Batista
    - Maria: Jesus junto às águas, viajantes, lavadeiras e mendigos sofredores.

6. Ressurreição e reencarnação (ESE)

7. Perfil de JB:
    - Personalidade incisiva, assertiva.
    - Hábitos diferentes (vestia-se de pele de camelo, cinto de couro e alimentava-se de gafanhotos e mel). 
    - Pregação: a descendência direta de Abraão não assegura a salvação.
    - Foco na sua missão: anunciar a vinda do Messias.
    - Ignorava ser ou não Elias ou um dos profetas: caráter do verdadeiro profeta. Amélia Rodrigues
       Se revelam por seus atos, humildade e modéstia, superiores ao meio onde atuam, influencia 
       moralizadora.

8. O batismo: rito de imersão, arrependimento radical, renascimento.

9. O espiritismo: Religião cientifico-filosófica. Ausência de ritos exteriores.

10. Anexo I - Lc 1;5 a 25 - Nascimento e vida oculta de João Batista:
     - Pais de João Batista: 
               -- Zacarias - sacerdote (classe de Abias); 
                   Aparição do anjo Gabriel - gravidez de Isabel, a missão de JB, a mudez.
               -- Isabel (descendente de Aarão - estéril) avançados em idade, gravida ocultou-se por 5 meses.
               -- Cumpridores irrepreensíveis de todos os mandamentos.

11. Anexo II - Jo 1:19 a 28 - Testemunho de João Batista:
     - testemunho diante de dos sacerdotes, levitas e fariseus. 
               -- Quem és tu? És tu Elias? És o profeta? Por que batizas se não és o Cristo, nem Elias nem o
                   profeta?
     - Bethabara - Local do Batismo.










Aspectos Doutrinários Correlatos e Relevantes


"11. É em vão que se assimila o esquecimento do passado como um impedimento ao aproveitamento da experiência das existências anteriores. Se Deus julgou conveniente lançar um véu sobre o passado, é porque isso deve ser útil. Com efeito, essa lembrança do passado traria inconvenientes muito graves. Poderia, em alguns casos, humilhar-nos singularmente, ou então exaltar o nosso orgulho, e por isso mesmo dificultar o exercício do nosso livre-arbítrio. De qualquer forma, traria perturbações inevitáveis às relações sociais. 

O Espírito renasce, muitas vezes, no mesmo meio em que viveu e se encontra em relação com as mesmas pessoas, a fim de reparar o mal que haja feito. Se nelas reconhecesse aqueles a quem odiou, esse ódio talvez reaparecesse. Assim, ele se sentiria humilhado perante aqueles a quem tivesse ofendido. " 

(AK - O Evangelho Segundo O Espiritismo, Cap. V, Esquecimento do passado)


392. Por que perde o Espírito encarnado a lembrança do seu passado? 

“Não pode o homem, nem deve, saber tudo. Deus assim o quer em sua sabedoria. Sem o véu que lhe oculta certas coisas, ficaria ofuscado, como quem, sem transição, saísse do escuro para o claro. Esquecido de seu passado, o homem é mais senhor de si.”  

622. Confiou Deus a certos homens a missão de revelarem a sua Lei? 

“Indubitavelmente. Em todos os tempos houve homens que tiveram essa missão. São Espíritos superiores, que encarnam com o fim de fazer progredir a Humanidade.”

624. Qual o caráter do verdadeiro profeta? 

“O verdadeiro profeta é um homem de bem, inspirado por Deus. Podeis reconhecê-lo pelas suas palavras e pelos seus atos. Impossível é que Deus se sirva da boca do mentiroso para ensinar a verdade.”

(AK - O Livro dos Espíritos, Segunda Parte, Capítulo VII)

O arrependimento, conquanto seja o primeiro passo para a regeneração, não basta por si só; são precisas a expiação e a reparação. 

Arrependimento, expiação e reparação constituem, portanto, as três condições necessárias para apagar os traços de uma falta e suas consequências. O arrependimento suaviza os travos da expiação, abrindo pela esperança o caminho da reabilitação; só a reparação, contudo, pode anular o efeito destruindo-lhe a causa. Do contrário, o perdão seria uma graça, não uma anulação.

(AK - O Céu e o Inferno, Primeira Parte, Cap. VII, 16ª)


"O Espiritismo, igualmente, pelo bem que faz é que prova a sua missão providencial. Ele cura os males físicos, mas cura, sobretudo, as doenças morais e são esses os maiores prodígios que lhe atestam a procedência. (...)"

"(...) Não será, pois, por meio de prodígios que o Espiritismo triunfará da incredulidade será pela multiplicação dos seus benefícios morais, porquanto, se é certo que os incrédulos não admitem os prodígios, não menos certo é que conhecem, como toda gente, o sofrimento e as aflições e ninguém recusa alívio e consolação. 

(AK - A Gênese, Cap. XV, item 28)



Ensaio Interpretativo

Naqueles dias, apareceu João Batista, pregando no deserto da Judeia. 

      Desde que se deu a promulgação das Tábuas das Leis no Sinai até o momento da vinda de Jesus surgiram no seio do povo hebreu numerosos profetas, enviados dos Céus, conclamando aos homens a seguirem o caminho da virtude e da verdade com abnegação das coisas materiais. Ao longo de aproximados quatro mil anos de história o panorama moral dos habitantes da Terra permanece praticamente o mesmo. Constata-se sem muita dificuldade o alheamento geral pelo valores morais e religiosos. A prevalência dos interesses imediatistas é avassaladora. Os templos de pedra multiplicam-se e superlotam-se mercadejando os favores da Divindade. A mensagem Crística continua ecoando em nossos ouvidos, sensibiliza-nos o raciocínio mas ainda não repercute em nossos corações, que permanecem áridos como o deserto.
     O deserto abriga também outra simbologia espiritual, que será explorada em outro contexto.

Tenho conseguido superar em mim o predomínio dos interesses materiais?

Estou mais sensível e maleável aos apelos da espiritualidade em meus pensamentos e atos?


E dizendo: "Arrependei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo". 

     Jesus foi precedido por vários missionários, por Ele enviados aos diversos povos da Terra e em todas as épocas de modo a fazer avançar o progresso da Humanidade, conforme constata-se na questão 622 de O Livro dos Espíritos. 
     Embora a especialíssima missão de João Batista de anunciar a vinda do Messias, as portas dos Céus jamais estiveram fechadas e inacessíveis àquele de boa vontade para transpô-las. Deus jamais interditou o acessou às  Regiões Espirituais elevadas a quem quer que fosse. O convite aos  povos sempre se repetiu de várias maneira. No entanto os homens continuam fazendo-se de surdos-mudos, aguardando a convocação constrangedora da dor, por eles mesmos provocada, para lhes alterar os rumos espirituais para os altiplanos da vida.

Por quais sinais tenho sido chamado ao caminho da renovação espiritual?

Tenho recusado insistentemente esses chamado?


E eram batizados por ele no rio Jordão, confessando os pecados. 

     Esta passagem evangélica nos atrai para uma reflexão singular. Confessar para si ou para outrem os próprios erros pode trazer até certo ponto um conforto íntimo de alivio ante as pressões internas do sentimento de culpa e da consciência que nos acusa. Certamente diluir o complexo de culpa, em outras palavras ter consciência do erro e de sua extensão, não encaminha a solução do "pecado" cometido. Adiciona-se a isso o não vislumbrar o pecador o término de sua falta nem a quitação desta ante as Leis magnânimas do Universo. Porém há que considerar-se que admitir que se errou já é por si só um enorme passo tendo em vista que muitos de nós sequer admite ter errado.
     Ante a falta cometida o ego, sempre ele, aciona os mecanismos de negação e fuga da responsabilidade assumida. João Batista faltou duas vezes ante a Lei Divina.  Na primeira vez faltou como Moisés perante as tribos idólatras e por segunda vez como Elias diante dos profetas de Baal. Optou por aceitar a sentença que lhe fora imposta por Herodes, influenciado por Herodiade, que lhe pedira a cabeça, tendo sido esta servida a ambos em uma bandeja de ouro.
     "Ele aguardava, no mesto* silêncio do seu cárcere, o dia natalício do rei da Judeia, para presenteá-lo, não com o ouro, não com as preciosas pedras do Oriente, sublimes adornos dos grandes senhores, mas com a sua cabeça, com uma parte do seu corpo que seria, perante a história, o grande testemunho do seu arrependimento, quando, deixando as existências de Moisés e de Elias, ele pôde, como Espírito, compreender que a ninguém é permitido, ainda que o faça em defesa das causas mais justas e sagradas, violar as leis do Senhor, romper os seus mandamentos que acima de tudo colocam o amor do próprio Deus e do próximo. (Frederico Júnior/Espírito Francisco Leite Bittencourt Sampaio - Jesus Perante a Cristandade, Capítulo III, pg. 55)

*triste

Tenho habitualmente reconhecido meus erros, mesmo aqueles mais ínfimos?


Produzi, então, fruto digno de arrependimento

     O entendimento aqui é muito claro. João Batista evidencia que há dois tipos de arrependimentos. Um é apenas aparente, dito em palavras mas que não se faz acompanhar de uma mudança real no íntimo do ser e que será condenado por Jesus em muitas de suas lições. O outro é aquele que resultou de uma mudança profunda nos rumos íntimos do Espirito, que tocado pelo consciência já desperta , anseia por renovar-se e seguir um direção ascendente. 
     Evidentemente o arrependimento por si só não é ainda suficiente para garantir ao Espirito acesso aos planos superiores da Vida. Allan Kardec enfatiza no código penal da vida futura que sendo o arrependimento o primeiro passo no caminho da renovação espiritual necessitará da expiação, que são as consequências da falta cometida, seguida da reparação, que  é fazer o bem a quem se prejudicou ou feriu.
     Vê-se por esse ângulo que a Lei Divina é clara e peremptória. O Espírito não avançará para os planos superiores enquanto não estiver quite com a Lei. Obviamente que todo bem que se faz atenua as consequências do mal praticado, porém o Espirito somente estará plenamente livre quando reparar a falta cometida.

Tenho me esforçado em reparar ainda nesta existência o mal que tenho praticado?


Ele vos batizará vos com o Espírito Santo e com fogo

     Não é novidade que o  batismo significava um ponto marcante e um compromisso. A partir daquele momento o indivíduo assumia perante si e os outros seguir em uma vida mais digna e isenta de erros. Toda mudança nesse sentido requer uma força de vontade corajosa e firme diante das tentações e das próprias fraquezas. Percebe-se que esse movimento íntimo implica em uma preparação prévia, um longo amadurecimento ensejado pelo sofrimento muitas vezes, ou meditação constante, sem as quais não passará de apenas mais uma promessa que fracassará em ser cumprida.
     O termo Espirito Santo tem um significado todo especial e suas origens remonta ao Velho Testamento em numerosas passagens a começar pelo Gênese:
     - "A terra , porém, estava sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava sobre as águas."
    Moisés ao dizer que Deus é Espírito condicionou a origem do universo a uma causa exclusivamente espiritual e portanto divina. Os Espíritos Superiores que ditaram a Doutrina Espírita a Allan Kardec ratificam essa visão quando afirmam haver no universo três elementos: Deus, Espírito e matéria. Sendo esta última produto do fluido cósmico universal em suas infinitas transformações.
     A partir dos relatos de Moisés entendeu-se que o Espírito de Deus intervem ostensivamente sobre a sua criação. Os hebreu não possuíam a noção de que o Senhor rege o universo através de Leis sábia e misericordiosas e com o concurso de seus prepostos, Espíritos Crísticos, que cumprem-Lhe fielmente a vontade, condição inerente a perfeição.
     Na antiguidade, e mais notadamente entre os hebreus, vulgarizou-se a prática do profetismo como sendo a manifestação de Deus aos homens. Deus escolhia alguns homens para que fossem seus representantes e através deles vaticinava os destinos dos povos e de seus governantes.
     A mediunidade não era compreendida de modo tão claro quanto ao entendimento que o Espiritismo nos oferece hoje. Não é preciso ir tão longe. Muitos cristãos ainda nos dias atuais tentam reviver os tempos proféticos. Havia e ainda há a crença de que todas as manifestações mediúnicas tem caráter inquestionável e que não se deve duvidar da natureza dos Espíritos que se manifestam.
     Pelo exposto fica evidente que por Espírito refere-se a manifestação do plano espiritual no plano material, ou seja à mediunidade. Por Santo intenta-se atribuir às manifestações uma origem Divina, portanto indubitável.
     Entretanto há que considerar que a prática mediúnica verdadeiramente cristã é o caminho redentor das almas falidas, eivado de provas e imensos sacrifícios, renuncia de si mesmo, constituindo-se em verdadeiro batismo. Dentro desse contexto emerge a ideia de fogo, expressão do sofrimento inerente a toda transformação e crescimento espiritual. Haja visto os imensos testemunhos que deram os cristãos nos primeiros séculos do cristianismo. É o que se constata na narrativa de Emmanuel na obra "Ave Cristo", referente ao fim do século II e início do século III da era cristã. Destaca-se nesta obra a crença fervorosa dos cristãos primitivos na vida futura.
     A prática mediúnica requer cuidados permanentes daqueles que são detentores de suas faculdades. Há perigos que lhe rondam os passos e dentre todos eles Allan Kardec destacou a obsessão como sendo e de mais funestas consequências para o medium, podendo mesmo anular-lhe completamente a existência física.

Tenho utilizado os talentos que me foram concedidos para fazer o bem aos meus semelhantes?


... mas, quanto à palha, a queimará num fogo inextinguível.

     Continuando a análise sabemos que o os povos antigos acreditavam ser feito o mundo constituído de quatro elementos, dentre estes o fogo. Sua simbologia envolve duas acepções não excludentes. Uma referente a destruição, que é um aspecto da transformação. Outra referente a dor, ao sofrimento e também relacionada à transformação e a purificação. 
     Seguindo essa ideias compreenderemos que a imagem sugerida por João Batista refere-se à Justiça Divina. Já era corrente a aquele tempo, e provavelmente ao tempo anterior, a ideia do inferno e dos suplícios que lhe estão associados. Não se concebia e não se concebe que o ímpio tenha o mesmo destino e as mesmas regalias que o justo conquistou com esforço e sacrifícios.
     Ajustando o conceito entenderemos que a Justiça Divina não é vingativa, tal como consideravam os hebreus, mas antes de tudo misericordiosa, educativa e justa. O Espirito criado simples e ignorante inexoravelmente alcançara a perfeição. A Justiça Divina faz parte dos mecanismos evolutivos que o conduzirão ao seu destino, corrigindo passo a passo os rumos através de incontáveis recapitulações, até que o Espirito tenha consolidado em si a prática integral da Lei. Atingido este ponto o fogo se extinguirá por ter exaurido a palha das imperfeições.
     Na obra Nosso Lar, Capítulo 12, André Luiz nos relata pela fala de Lísias sobre o Umbral e sua finalidade:
     "– O Umbral - continuou ele, solícito - começa na crosta terrestre. É a zona obscura de quantos no mundo não se resolveram a atravessar as portas dos deveres sagrados, a fim de cumpri-los, demorando-se no vale da indecisão ou no pântano dos erros numerosos. Quando o espírito reencarna, promete cumprir o programa de serviços do Pai; entretanto, ao recapitular experiências no planeta, é muito difícil fazê-lo, para só procurar o que lhe satisfaça ao egoísmo.(...) Tudo o que excede, sem aproveitamento, prejudica a economia da vida. Pois bem: todas as multidões de desequilibrados permanecem nas regiões nevoentas, que se seguem aos fluidos carnais. O dever cumprido é uma porta que atravessamos no Infinito, rumo ao continente sagrado da união com o Senhor. É natural, portanto, que o homem esquivo à obrigação justa, tenha essa bênção indefinidamente adiada."
     "– O Umbral é região de profundo interesse para quem esteja na Terra. Concentra-se, aí, tudo o que não tem finalidade para a vida superior. (...)."
     
Tenho combatido tenazmente em mim o predomínio do sentimentos egoístas?




63 

Fogo mental


Reunião pública de 6-10-61 1ª Parte, cap. IV, item 2 


     Fogo íntimo!... As consciências insensibilizadas no crime só lhe sentem as chamas quando as entranhas do espírito se lhe contorcem ao peso; todavia, basta ligeira falta cometida para que as almas retas lhe sofram as labaredas... 

     Figura-se látego mortífero, em agitação permanente, conquanto retido no coração, imobilizando o pensamento no desespero. 

     Agrava-nos a inferioridade, devora-nos o tempo, dilapida-nos a esperança, consome-nos as forças. 

     É como se, depois de atacar alguém, viéssemos a tombar no recesso de nós mesmos, confundidos pelas pancadas que desferimos nos outros... 

     O remorso é esse fogo mental, diluindo a existência em suplício invisível. 

     Foge, assim, de ofender, pois, embora o perdão se erija qual remédio eficaz, na Misericórdia Divina, para as doenças que levianamente criamos, é da própria Lei que, aos ferirmos alguém, caiamos, por nossa vez, inevitavelmente entregues aos resultados de nossos golpes, a fim de que sejamos também feridos.

(Francisco Cândido Xavier / Emmanuel - Justiça Divina)








Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Evangelho Redivivo 2 - Tema 14: O Sermão da Montanha "Felizes os Porque Serão Consolados"

Evangelho Redivivo II - Tema 09: As provações de Jesus no Deserto