Evangelho Redivivo 2 - Tema 12: As Bem-Aventuranças: visão panorâmica







Resumo Esquemático


12.1 - Sermão da Montanha 

- Diversas acepções:
-- Primeiro Grande Discurso (R. |N. Chaplin)
-- Discurso: O Sermão da Montanha (Bíblia de Jerusalém
- Mateus: 3 capítulos (5 a 7); Quatro conjuntos de idéias:
-- Primeiro Discurso: Mt 5:1-12
-- Segundo Discurso:  A relação da mensagem de Jesus com a ordem antiga.
-- Terceiro Discurso: Instruções práticas para a conduta no Reino (mt 6:1-7,12)
-- Quarto Discurso: Desafio para uma vida de dedicação (Mt 7:13-29)
- Controvérsia Mt x Lc: Monte ou Planície - mesmo local acessos diferentes; tradição latina séc. XIII
- Amélia Rodrigues: A montanha - um símbolo.
- Sequencias de ações de Jesus: 1. Batismo por João Batista; 2. Retiro para Galileia; 3. Escolha dos doze discípulos; 4. Inicio das pregações e curas; 5. Discurso inaugural.
- Sermão do Monte: síntese dos fundamentos de seu Evangelho.


12.2 - Os discursos do Sermão da Montanha

12.2.1 - Primeiro Discurso: As bem-aventuranças (Mt 5:1-12): 8 bem aventuranças; (Lc 6:20-23) 03 bem-aventuranças. 
- Grego: Makarismós = felicidade plena, felicidade material, sem sofrimentos ou preocupações; 
- AT-> perfeita relação com Deus; 
- Judeus: obediência à lei; 
- Jesus: relacionamento com Deus e participação do homem no seu Reino.
- Discrepância dos termos bem aventurança (JFA) x felizes (BJ); sinônimos.
- Carlos T. Pastorino: Mateus-> mensagem para o Espírito; Lucas -> mensagem para o encarnado (personalidade); 
- Emmanuel: aflições e trabalhos, bençãos,  tesouros imensos.

12.2.2 - Segundo Discurso: A relação da mensagem de Jesus com a ordem antiga (Mt 5:17-48)
- Cumprimento da lei
- Decálogo: não matar (Emanuel); não adulterar (coração impuro); justiça (honestidade); inutilidade da lei de talião (vingança); valor do amor.

12.2.3 - Terceiro Discurso: Instruções práticas para a conduta no Reino (mt 6:1-7,12)
- Prática da esmola, da oração e do jejum. Renuncia ao mal.
- Eliminação da ansiedade: preceitos da lei, confiança e simplicidade. A fé.
- Viver com amorosidade; fazer o bem sem ostentação.

12.2.4 - Quarto Discurso: Desafio para uma vida de dedicação (Mt 7:13-29)
- Desafios: caminho estreito; empenho da vontade no caminho da ascensão espiritual.
- Emmanuel: trabalho, sacrifício, aplicação da inteligencia, dos sentimentos, empregos dos talentos.




Aspectos Doutrinários e Relevantes


     225 — Como entender a salvação da alma e como consegui-la?

     — Dentro das claridades espirituais que o Consolador vem espalhando nos bastidores religiosos e filosóficos do mundo, temos de traduzir o conceito de salvação por iluminação de si mesma, a caminho das mais elevadas aquisições e realizações no Infinito.
     Considerando esse aspecto real do problema de "salvarão da alma", somos compelidos a reconhecer que, se a Providência Divina movimentou todos os recursos indispensáveis ao progresso material do homem físico na Terra, o Evangelho de Jesus é a dádiva suprema do Céu para a redenção do homem espiritual, em marcha para 0 amor e sabedoria universais.
     Jesus é o Modelo Supremo.
     O Evangelho é o roteiro para a ascensão de todos os Espíritos em luta, o aprendizado na Terra para os planos .superiores do Ilimitado. De sua aplicação decorre a luz do espírito.
     No turbilhão das tarefas de cada dia, lembrai a afirmativa do Senhor: — "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida." Se vos cercam as tentações de autoridade e poder, de fortuna e inteligência, recordai ainda as suas palavras: — "Ninguém pode ir ao Pai senão por mim." E se vos sentis tocados pelo sopro frio da adversidade e da dor, se estais sobrecarregados de trabalhos no mundo, buscai ouvi-Lo sempre no imo dalma: — "Quem deseje encontrar o Reino de Deus tome a sua cruz e siga os meus passos/'

(FCX/Emmanuel - O Consolador, FEB)


     12. - A felicidade dos Espíritos bem-aventurados não consiste na ociosidade contemplativa, que seria, como temos dito multas vezes, uma eterna e fastidiosa inutilidade.
     A vida espiritual em todos os seus graus é, ao contrário, uma constante atividade, mas atividade isenta de fadigas.
     A suprema felicidade consiste no gozo de todos os esplendores da Criação, que nenhuma linguagem humana jamais poderia descrever, que a imaginação mais fecunda não poderia conceber. Consiste também na penetração de todas as coisas, na ausência de sofrimentos físicos e morais, numa satisfação intima, numa serenidade dalma imperturbável, no amor que envolve todos os seres, por causa da ausência de atrito pelo contacto dos maus, e, acima de tudo, na contemplação de Deus e na compreensão dos seus mistérios revelados aos mais dignos. A felicidade também existe nas tarefas cujo encargo nos faz felizes. Os puros Espíritos são os Messias ou mensageiros de Deus pela transmissão e execução das suas vontades. Preenchem as grandes missões, presidem à formação dos mundos e à harmonia geral do Universo, tarefa gloriosa a que se não chega senão pela perfeição. Os da ordem mais elevada são os únicos a possuírem os segredos de Deus, inspirando-se no seu pensamento, de que são diretos representantes.

     "17 - Posto que os Espíritos estejam por toda parte, os mundos são de preferência os seus centros de atração, em virtude da analogia existente entre eles e os que os habitam. Em torno dos mundos adiantados abundam Espíritos superiores, como em torno dos atrasados pululam Espíritos inferiores. Cada globo tem, de alguma sorte, sua população própria de Espíritos encarnados e desencarnados, alimentada em sua maioria pela encarnação e desencarnação dos mesmos. Esta população é mais estável nos mundos inferiores, pelo apego deles à matéria, e mais flutuante nos superiores. Destes últimos, porém, verdadeiros focos de luz e felicidade, Espíritos se destacam para mundos inferiores a fim de neles semearem os germens do progresso, levar-lhes consolação e esperança, levantar os ânimos abatidos pelas provações da vida. Por vezes também se encarnam para cumprir com mais eficácia a sua missão."

(AK - O Céu e o Inferno, 1ª Parte, Cap. III, FEB)


 A GRANDE LIÇÃO

     Sim, o mundo era um imenso rebanho desgarrado. Cada povo fazia da religião uma nova fonte de vaidades, salientando-se que muitos cultos religiosos do Oriente caminhavam para o terreno franco da dissolução e da imoralidade; mas o Cristo vinha trazer ao mundo os fundamentos eternos da verdade e do amor. Sua palavra, mansa e generosa, reunia todos os infortunados e todos os pecadores. Escolheu os ambientes mais pobres e mais desataviados para viver a intensidade de suas lições sublimes, mostrando aos homens que a verdade dispensava o cenário suntuoso dos areópagos, dos fóruns e dos templos, para fazer-se ouvir na sua misteriosa beleza. Suas pregações, na praça pública, verificam-se a propósito dos seres mais desprotegidos e desclassificados, como a demonstrar que a sua palavra vinha reunir todas as criaturas na mesma vibração de fraternidade e na mesma estrada luminosa do amor. Combateu pacificamente todas as violências oficiais do judaísmo, renovando a Lei Antiga com a doutrina do esclarecimento, da tolerância e do perdão. Espalhou as mais claras visões da vida imortal, ensinando às criaturas terrestres que existe algo superior às pátrias, às bandeiras, ao sangue e às leis humanas. Sua palavra profunda, enérgica e misericordiosa, refundiu todas as filosofias, aclarou o caminho das ciências e já teria irmanado todas as religiões da Terra, se a impiedade dos homens não fizesse valer o peso da iniquidade na balança da redenção .

(FCX/Emmanuel - A Caminho da Luz, FEB, Capítulo XII, pg. 107 e 108)



     5. A ideia clara e precisa que se faça da vida futura proporciona inabalável fé no porvir, fé que acarreta enormes consequências sobre a moralização dos homens, porque muda completamente o ponto de vista sob o qual encaram eles a vida terrena. Para quem se coloca, pelo pensamento, na vida espiritual, que é indefinida, a vida corpórea se torna simples passagem, breve estada num pai ingrato. As vicissitudes e tribulações dessa vida não passam de incidentes que ele suporta com paciência, por sabê-las de curta duração, devendo seguir-se-lhes um estado mais ditoso. A morte nada mais restará de aterrador; deixa de ser a porta que se abre para o nada e torna-se a que dá para a libertação, pela qual entra o exilado numa mansão de bem-aventurança e de paz. Sabendo temporária e não definitiva a sua estada no lugar onde se encontra, menos atenção presta às preocupações da vida, resultando-lhe daí uma calma de espírito que tira àquela muito do seu amargor.

(AK - O Evangelho Segundo o Espiritismo, FEB, Cap. II)


     "O sermão da montanha condensa e resume o ensino popular de Jesus. Aí se mostra a lei moral com todas as suas consequências; nele os homens aprendem que as qualidades brilhantes não fazem sua elevação nem sua felicidade, mas que só poderão isto conseguir pelas virtudes modestas e ocultas — a Humildade, a Bondade, a Caridade:"
     (...)
     "Para Jesus, no amor encerra-se toda a religião e toda a filosofia."

(Léon Denis - Depois da Morte, FEB, 1ª Parte, Capítulo VI, pg. 68 e 69)


     "E entendendo a nossa condição de trabalhadores incompletos, detentores de velhas dificuldades e terríveis inibições, na ordem do aprimoramento iluminativo, cabe-nos preparar recursos de auxílio, reconhecendo que a obra redentora é trabalho educativo por excelência.
     O sacrifício do Mestre representou o fermento divino, levedando toda a massa. E' por isto que Jesus, acima de tudo, é o Doador da Sublimação para a vida imperecível. Absteve-se de manejar as paixões da turba, visto reconhecer que a verdadeira obra salvacionista permanece radicada ao coração, e distanciou-se dos decretos políticos, não obstante reverenciá-los com inequívoco respeito à autoridade constituída, por não ignorar que o serviço do Reino Celeste não depende de compromissos exteriores, mas do individualismo afeiçoado à boa vontade e ao espírito de renúncia em benefício dos semelhantes."

(FCX/André Luiz - Libertação, FEB, Capítulo I, pg. 24)






Ensaio Interpretativo



1. Vendo a multidão

     Essa expressão aparentemente sem grande relevância e seguida da ação de subir a um monte nos revela algo mais que o simples fato de ver. Neste caso em particular nos evidencia que Jesus perante a multidão que o seguiu identificou suas necessidades e suas carências espirituais. Esse aspecto se tornaria proeminente logo em seguida quando Ele em suas expressões usou as palavras sede e fome em seu discurso.
     Nós Espíritos imperfeitos reencarnados ou em estado de erraticidade ainda não conseguimos sorver de modo eficiente a seiva Divina, que extinguiria definitivamente nossa sede e a fome interiores. Não atingimos identificação plena com Deus e suas leis. Daí resulta nossa falta de fé, desânimos e muitas vezes atitudes violentas e exigências infantis. Cremos enganosamente que a Divindade deve satisfazer nossos anseios mesquinhos, quando deveríamos questionar-nos o que o Senhor aguarda de nós.
     A visão Crística vai muito além da estreiteza da furna em que nos agitamos. Identifica nossas necessidades reais atinentes às nossas carências espirituais oferecendo-nos um sentido existencial. Sendo Ele o Celeiro Divino aguarda nossa iniciativa de ir até Ele ainda que por breve esforço de ascensão aos cimos da Vida.

Tenho ajustado minha visão da vida de conformidade com os ideais Divinos?


2. Subiu a um monte

     A expressão "subiu a um monte" não apresenta qualquer dificuldade interpretativa.
     Tomando o monte por símbolo da vida espiritual a compreensão dá-se automaticamente. Ninguém alcançara a salvação senão pelo esforço próprio. Emmanuel nos diz isso claramente quando sinaliza que a salvação não é senão a redenção das almas pelo processo da iluminação interior.
     No que consiste o processo de iluminação íntima? 
     Ele mesmo responde: da aplicação do Evangelho nas lutas do dia a dia resultará a luz do Espírito.
     Certamente essa realização não é automática assim como a sabedoria não decorre da leitura de um livro qualquer. Faz-se preciso vivenciar o Evangelho em sua máxima pureza, burilando ao mesmo tempo sentimentos e pensamentos até que sua realização ocorra de forma natural sem o concurso da vontade. A curto prazo o estabelecimento de metas modestas diárias é a chave para o inicio de sua realização. A própria lógica aponta-nos para esse caminho.
     Semelhante ao que ocorre com o carbono enclausurado nas entranhas da terra, é preciso suportar o calor e a pressão para que o minério bruto se converta em joia de subido valor.
     Ascender ao monte é submeter-se ao calor da convivência com todos aqueles que conosco se relacionam e suportar a pressão do cumprimento de todos os deveres que nos competem.

Tenho procurado conviver harmoniosamente com todos os meus semelhantes?


3. Pôs-se então a lhes pregar

     A pregação nos termos do Evangelho não se restringe unicamente ao uso da palavra. 
     Todas as nossas ações são pregações vivas no espaço em que nos movimentamos. 
     Somos desse modo influenciadores e ao mesmo tempo influenciados pelas ações, desejos, sentimentos e pensamentos que nos são próprios e alheios conforme sintonizemos com eles ou não.
     Assim sendo nos transformamos de imediato em divulgadores ou detratores da mensagem cristã conforme o direcionamento de nossa conduta.
     Lembramos as palavras do Ministro Flácus, no capitulo I do livro Libertação (FCX/André Luiz):
     "Sem nosso esforço pessoal no bem, a obra regenerativa será adiada indefinidamente, compreendendo-se por precioso e indispensável nosso concurso fraterno para que irmãos nossos, provisoriamente impermeáveis no mal, se convertam aos Desígnios Divinos, aprendendo a utilizar os poderes da luz potencial de que são detentores. Somente o amor sentido, crido e vivido por nós provocará a eclosão dos raios de amor em nossos semelhantes. Sem polarizar as energias da alma na direção divina, ajustando-lhes o magnetismo ao Centro do Universo, todo programa de redenção é um conjunto de palavras, pecando pela improbabilidade flagrante." (grifos nossos)

Qual a qualidade dos meus atos diante de mim mesmo?


4. Bem-aventurados

     A bem-aventurança é o estado de felicidade graduada ao nosso progresso espiritual. Quanto maior este maior será o grau de felicidade usufruída pelo Espírito, sendo máxima na condição dos Espíritos puros.
     Allan Kardec no item 12 do Capítulo III da primeira parte de O Céu e o Inferno dá-no uma ideia desse estado de espírito, chegando a dizer que para nós é incompreensível devido a nossa inferioridade. No entanto faz uma ressalva que destacamos: é a felicidade que decorre da tarefas cujo encargo nos faz felizes.
     Adolfo, Bispo de Argel, ratifica essas palavras na mensagem do Evangelho, na lição da beneficência, quando afirma: "Pudésseis, meus amigos, ter por única ocupação tornar felizes os outros!" E de fato não há tarefa mais grata que a de ser útil e fazer felizes aqueles que convivem conosco, mesmo quando tal exige-nos certo sacrifício.

Tenho feito do meu trabalho motivo de alegria para mim e para os outros?


5. Grande recompensa vos esta reservada.

     O eixo central dos ensinos de Jesus é a vida futura. Sem esta garantia as bem-aventuranças não teriam razão de ser. A vida futura é a garantia de que a felicidade será alcançada por aqueles que se submeterem ao rigoroso cumprimento da lei de amor.
    Tendo isso em vista Léon Denis define de modo preciso as bem-aventuranças como sendo o resumo moral dos ensinos cristãos e como afirmaria mais tarde Mahatma Gandhi: "Se toda a literatura ocidental se perdesse e restasse apenas o Sermão da Montanha, nada se teria perdido."
     Desse modo podemos dizer sem receio de falta que o Sermão do Monte é o coração dos ensinos cristãos.
     Inúmeros exemplos das recompensas alcançadas pelos Espíritos que ascenderam estão espalhados pela literatura mediúnica séria. Dentre tantos destacamos um exemplo simples entretanto comovente nas palavras de Manoel Philomeno de Miranda no livro Paineis da Obsessão quando descreve uma entidade Espiritual elevada:
     "Árvore frondosa e acolhedora, como teto vegetal em flor, agasalhava a Mentora, que irradiava toda a beleza espiritual de que era detentora. Ao seu lado, fui tomado de grande timidez, num exame, perfunctório embora, dos próprios limites e das muitas necessidades que me assinalavam o processo evolutivo. 
     Ela evocava uma oleografia religiosa, em face da sua postura e iluminação espiritual. As duas mãos distendidas em posição de quem aguarda para abraçar, enquanto a indumentária larga, que lhe caía aos pés, acompanhada de um manto em suave tom azul, completava-lhe a presença irradiante e nobre."

Tenho reclamado menos do que o habitual?




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